quinta-feira, 10 de março de 2011

Lamego

Crítica social através do riso
 Em Lazarim, os caretos fazem parte de uma das maiores tradições populares portuguesas. A figura dos mascarados, os trajes e os caretos são uma marca do Carnaval da vila de Lazarim, no concelho de Lamego. As são feitas de madeira de amieiro, preparadas por artesãos locais.
Já muitas aldeias, pelo mundo fora, copiaram o carnaval de Lazarim.
Os caretos saiem à rua acompanhados por tocadores de bombos e caixas para fazerem critica social. A revisão do que correu mal durante o ano.
É também o dia em que mascarados, homens e mulheres, travam uma guerra de sexos.
O dia termina com a leitura dos testamentos preparados em segredo, seguindo-se a morte do compadre e da comadre no fogo, e a oferta de uma feijoada e caldo de galinha a todos os presentes.
Muitas vezes as críticas são mesmo muito violentas.
Só os solteiros podem criticar e só eles podem ser alvo de chacota.

«Vamos ler o testamento
para que ninguém se fique a rir
por causa de 400 e coroa
fica a burra por dividir.»

     Testamento da Comadre
[ uma rapaz da vila lê o testamento a uma rapariga ]

Olá queridas comadres
Olá grandes feiticeiras
Cá estamos mais uma vez
Para vos tirar as peneiras.

Sois todas umas cadela
Quase me matais de fome
Senão tivesse vergonha
Tratava-vos por outro nome.

Tende cuidado com o burro
Que ele é abonado
Se a dele não chegar
Tendes aqui mais um bocado.

Hoje em dia as raparigas
São de lhe tirar o chapéu
Se lhes tirarmos os trapos
Ficam com os podres ao léu.

Olá menina Márcia
Condutora de fim de semana
Não sei qual foi a ideia
Da tatuagem na mama.


 

Testamento do Compadre
[ uma rapariga da vila lê o testamento a um rapaz ]

Quando tocares no apito
Não o mostres a ninguém
Apenas à namorada
Para ela o tocar também.

Não sei que raio vos deu
Parece que é comichão
Passais a vida a coçar
O instrumento com a mão.

Alguns metem nojo
Com o paleio que têm
Se isto é tão ruim
Porque diabo cá vêm.

De vós me vou despedir
Ó grande rapaziada
Vinde para cá brincar
Vamos fazer marmelada.

Olá menino João
Que conduzes o tractor
Vê lá se vais à escola
Para seres bom condutor.

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