«Tal como o nome o indica, autobiografia é o relato oral ou escrito que alguém faz da sua própria vida. É um género literário em prosa, que consiste na narração da experiência vivencial do indivíduo, levada a cabo por ele próprio.» in Wikipédia
AUTOBIOGRAFIA
Capítulo II
1- Quando eu tinha 13 anos, o senhor padre Ilídio Fernandes, pároco da Penajóia, que depois foi Monsenhor, teve pena de mim e conseguiu que as freiras do hospital me dessem trabalho. Fui trabalhar para a cozinha do hospital de Lamego. Passado pouco tempo fui para as enfermarias para ajudar a fazer limpezas, dar de comer aos doentes, limpá-los, etc.
Não me importava nada de fazer as limpezas. O que não gostava nada era de ajudar a levar os mortos para a morgue, e ajudar a transportar os doentes da urgência para as enfermarias. Não havia rampas e tínhamos de os levar nas mãos em macas.
As empregadas gostavam de mim, como eu ainda era pequena, sentavam-me em cima de um cobertor e puxavam-me pelo chão para puxar o lustro, até ficar a brilhar.
Nessa altura, quem mandava no hospital eram as freiras, ainda me lembro: da madre superiora, Fidalgo, a irmã Aida, a irmã Bernardina, a irmã Corações, a irmã Bebiana, a irmã Maria José, a irmã Glória, a irmã Irmânia, etc.
As freiras, obrigavam-me a ir à missa e ao terço.
2. Passados dois anos, possivelmente por influências das freiras, fui para o Porto para também eu me tornar freira. Não foi possível, porque nem eu consegui dinheiro para contribuir para a Congregação e, a madre superiora Fidalgo também não estava de acordo pois queria que eu ficasse sempre a acompanhá-la.
Estive 8 anos a trabalhar na cozinha, na casa de Saúde da Boavista, até que a madre Fidalgo foi-me lá buscar para ir com ela para o hospital de Celorico de Basto
3. Estive quase 15 anos a trabalhar no hospital de Celorico de Bastos. Fazia de tudo o que me mandavam: fazia limpezas, ia buscar comida para os animais, (porcos, ovelhas, galinhas e coelhos) que havia na quinta do hospital, esfregava os chãos dos corredores e das enfermarias.
Tinha uma vida mais dura do que no Porto.
4. Até que a madre Fidalgo adoeceu e foi para casa dela, em Freixiel, Concelho de Vila Flor.
Eu tive que a acompanhar, a mando dela. Tratava dela e da casa. Fazia toda a lide da casa: cozinhava, limpava, arrumava os quartos, lavava a roupa e passava a ferro.
Era uma vida calma e fiz lá muitas amigas que ainda hoje conservo: D Maria Olímpia, Francisco Fidalgo, a Fernanda, a Olivinha, o Armando Fidalgo e Maria Avelina.
Estive em Freixiel cerca de uma dúzia de anos. Só saí de lá quando adoeci. Vim-me tratar para o Hospital de Lamego. Fui operada duas vezes e fiquei cá de vez.
5. Quando já estava curada, as freiras disseram-me para eu ficar cá a trabalhar. Acabei por ficar de vez até me reformar, aos 68 anos.
O meu trabalho era tratar os doentes e fazer a limpeza dos quartos particulares e acompanhar os doentes: lavava-os, dava-lhes de comer e fazia-lhes companhia.
Mais tarde passei para a pediatria, onde fiquei até me reformar, aos 69 anos.
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