terça-feira, 29 de março de 2011

Este rei que eu escolhi

                                    
              A multidão não ouvia muito bem todas as palavras do Mestre, mas sabê-lo vivo e são era, na altura, quanto lhe bastava. Sabê-lo salvo das mãos dos homens de Leonor Teles era, para toda a gente, o essencial.
              - Povo honrado desta cidade de Lisboa! – gritava o Mestre, da janela do Paço.
- Acalmai vossos temores que a minha hora ainda não chegou! Estou vivo, amigos, e o conde de Andeiro é morto!
              A gritaria foi então enorme. Homens e mulheres erguiam bem alto varapaus e escadas, molhos de lenha e carqueja, pedras e madeira, tudo lhes servindo para vitoriarem o mestre.
              - Como sabeis, a rainha D. Leonor…
              O povo interrompeu de imediato aos gritos de «morra!», «fim à traidora!», «fora com a barregã!». Mas o Mestre ergueu os braços pedindo silêncio e um pouco mais de paciência.
              - Povo desta cidade!  D. Leonor foi mulher de meu irmão e vosso rei D. Fernando, de saudosa memória. D. Leonor é neste momento; rainha regente deste reino, que assim o mandam as leis. Vós sois gente honrada, e gente honrada não pede a morte de ninguém…
              - Só se não calhar… - bichanou entredentes um homem com cara e varapau de poucos amigos, mesmo junto de Mafalda, que até se encolheu só de vê-lo. Mas, impossível, o Mestre continuava, do alto da janela: - … gente honrada só pede que a governem com leis justas, e com gente sua. D. Leonor Teles está no lugar onde deve estar…
              - Até ver… - tornou o mesmo homem, e de novo Mafalda se encolheu.
              - … e nós viemos aqui apenas para a fazer entrar na razão. Para lhe fazermos ver a loucura de entregar este reino a sua filha Beatriz, casada com um rei estrangeiro. Pois não se está mesmo a ver que, uma vez chegada a maioridade de D. Beatriz e terminada a regência de D. Leonor, o rei de Castela, através de sua mulher se tornaria rei de Portugal?!.
             Novamente um clamor de «morras» se ergueu daquele povo que, apesar do frio de Dezembro, não arredava pé.
             - Torno a dizer-vos, honrados cidadãos de Lisboa: não queremos que ninguém morra, queremos todos nos seus devidos lugares – os Castelhanos em Castela, os Portugueses em Portugal!

1- De que época de História de Portugal fala o texto?
R: A revolução de 1383.

2- Quem são as personagens do texto?
R: As personagens deste texto são o Mestre, a rainha D. Leonor, rei D. Fernando, a Mafalda e a rainha D. Beatriz.

3- Onde se passa a acção deste texto?
R: A acção deste texto passa-se em Lisboa.

4- Quem é o Mestre de que fala o texto?
R: É o Mestre de Avis.

5- O que quer o Mestre que D. Leonor Teles entenda da vontade do povo?
R: Não entregue o reino a sua filha Beatriz.
                
6- Quantos parágrafos tem o texto?
R. São 13 parágrafos.

7- Amplia a seguinte frase: O Mestre falou.
R: O Mestre falou ao povo da janela do Paço.

8- Copia do texto uma frase:
Interrogativa – Pois não se está mesmo a ver que, o rei de Castela, através de sua mulher se tornaria rei de Portugal?!.
Declarativa – Acalmai vossos temores que a minha hora ainda não chegou!

9- Sublinha os verbos das seguintes frases.
            A multidão não ouvia muito bem.
            Acalmai vossos temores.
            Não queremos que ninguém morra.

10- Considera o texto e explica o significado de:
            Não arredava pé. ------- Não saíram de lá.

11- Classifica, as seguintes palavras, quanto à sua acentuação.
            Cidade – grave         cátedra - exdrúxula            palavras - grave
            só - aguda           Andeiro - grave        honrada - grave

12- Procura o significado destas palavras no dicionário.
 Carqueja - planta muito usada, em especial, como acendalha ou combustível.
 Temores - medos; sustos.
 Clamor - brado; queixa; protesto ou reclamação.

13- Escreve sinónimos de:
            Bem – certo                honrado – honesto
            Morto – falecido        ergueu – levantou

14- Escreve antónimos de:
             bem – mal            honrado – desonesto
             morto – vivo        ergueu - baixou
Nuno Costa, em 29/03/2011

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