quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
                   Eugénio de Andrade

1 comentário:

  1. Palavras, palavras e mais palavras, é assim que nós nos entendemos.
    Falando e escrevendo, conversando.
    Mas também se diz que palavras leva-as o vento. Mas como diz o poeta, vão e voltam sempre.

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